Presidente do Supremo
quer cinco tribunais
autónomos em São Tomé e
Príncipe
O
Presidente do Supremo
Tribunal de Justiça (STJ)
são-tomense quer mais
funcionários e meios
materiais e
económicos para criar
e autonomizar cinco
tribunais no arquipélago
e instalar o Tribunal da
Relação durante o seu
novo mandato de quatro
anos.
"Como tenho dito em
alguns discursos meus,
temos a plena
consciência que os
tribunais funcionam
deficientemente e os
diagnósticos já foram
todos feitos e
conhecemos as nossas
limitações e
fragilidades", afirmou
Silva Cravid, na
quarta-feira, no
discurso de posse como
presidente do STJ.
Cravid disse que durante
o novo mandato pretende
"inverter essa situação,
corrigi-la e
melhorá-la", sublinhando
que já é altura para
fazer "com que os
tribunais funcionem
melhor", sendo que para
isso cada um dos
magistrados e
funcionários deve
"assumir um compromisso
pessoal e coletivo de
mais e melhor fazer"
para não "defraudar os
utentes dos tribunais".
Damos tudo por tudo,
para que não lhe falte
nada de nada!
Reafirmou, por isso, que
os tribunais precisam de
"mais juízes e
funcionários, melhores
condições materiais e
económicas para
trabalhar" visando
"maior produtividade e
melhores resultados",
enquadrados também no
âmbito de "uma reforma
profunda no sistema
judicial são-tomense"
que se iniciou em 2020
com o patrocínio das
Nações Unidas, que
apesar da pandemia da
covid-19, "não deixou de
estar ativa e a executar
os planos previamente
traçados".
"Estamos em crer que nos
próximos dois anos, os
pontos mais altos dessa
reforma passarão pela
revisão de muitos
códigos que não se
ajustam à sociedade que
hoje temos, como também
a revisão de muitas leis
totalmente obsoletas que
impedem a fluidez na
tramitação processual e
acreditamos que a
Assembleia Nacional
deverá finalmente
legislar sobre muitas
matérias que não
encontram o tratamento
legislativo e normativo
do nosso país", defendeu
Silva Cravid.
Segundo o presidente do
STJ, "essa reforma visa
reestruturar e
requalificar os
tribunais, os cartórios,
os serviços dos
tribunais e do
Ministério Público,
informatizar e
digitalizar os processos
tendentes à eliminação
dos tradicionais
processos-papéis e
implementar e ensinar
nova gestão processual e
novos modelos de
administração dos
tribunais".
"Pretendemos autonomizar
alguns tribunais que
para nós são essenciais,
como o Tribunal do
Comércio, Tribunal de
Trabalho, Tribunal de
Família e Menores, e
criar dois novos
tribunais essenciais:
Tribunal de Pequenas
Causas, com competência
cível e Tribunal de
Instrução Criminal",
disse Silva Cravid.
O presidente do STJ
referiu que com estes
tribunais a funcionar
autonomamente,
"permitirá a
especialização nos
tratamentos das
matérias" e promover
"maior fluidez e
celeridade das decisões,
criando ganhos
consideráveis de forma a
descongestionar as
grandes acumulações de
processo, de
variadíssimas ordens" e
outros de pequenos
valores monetários que
"poderiam ter sido
resolvidos
amigavelmente, de forma
extrajudicial" ou num
tribunal de pequenas
causas que também poderá
ser criado no futuro.
Silva Cravid sublinhou
"o aumento exponencial
de crimes contra a honra
e dignidade contra
pessoas, violência
doméstica, violação de
menores e homicídios
hediondos" e crimes
contra propriedade, "o
que reclama a
necessidade imperiosa de
um tribunal de instrução
criminal com autonomia
funcional suficiente
para fazer cobro a
situação".
"Queremos que o tribunal
da segunda instância
seja uma realidade no
país", acrescentou,
realçando que o país não
pode continuar "a
sonegar aos cidadãos a
instância factual de
recurso, ou seja, aquela
instância que cabe os
recursos dos factos".
Dos cinco países
africanos de língua
oficial portuguesa
(PALOP) "só em São Tomé
e Príncipe ainda não foi
institucionalizado o
Tribunal da Relação",
apontou.
"É uma tristeza",
lamentou.
Outra meta definida por
Silva Cravid é garantir
que "o serviço de
inspeção seja
redimensionado e
reforçado com quadros
competentes, com
autonomia inquestionável
e que faça a inspeção
periódica de todos os
magistrados e
funcionários e
serviços", contando para
isso com a parceria
estabelecida nos últimos
anos com o Conselho
Superior Judiciário de
Portugal e o Conselho
Superior da Magistratura
de Cabo Verde.
Cravid sublinhou que
pretende "levar os
tribunais aos cidadãos
mais distantes" e
"contar com as opiniões
da sociedade civil
despolitizada", bem como
"levar avante o projeto
da escola dos
magistrados" iniciado em
2019 para a formação dos
quadros dos tribunais,
Polícia Judiciária,
oficiais de Justiça e da
administração pública,
entre outras.
Dirigindo-se ao ministro
da Justiça, Cílcio
Santos, presente no ato,
Silva Cravid pediu que
"liberte urgentemente o
rés-do-chão do edifício
do Palácio da Justiça,
onde funciona o tribunal
da primeira instância de
São Tomé" para dar
continuidade das obras
de restauro e
requalificação da
infraestrutura, onde
funcionam os serviços
dos registos e
notariados no
rés-do-chão.
O presidente do STJ
são-tomense foi reeleito
na semana passada com
quatro votos a favor e
um voto em branco
e prometeu continuar a
trabalhar para melhorar
os serviços dos
tribunais, incluindo a
integração de mais
juízes e funcionários.
Lusa
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