O Governo são-tomense
admite contratar "a
título excecional"
profissionais de saúde
reformados e militares
para apoiar no combate a
pandemia e no processo
de vacinação, após baixa
de muitos profissionais infetados
pela variante Ómicron.
"Analisámos a
possibilidade, tal como
aconteceu em 2020 no
período de emergência,
da contratação a título
excecional de alguns
enfermeiros e médicos
reformados para ajudarem
a reforçar a capacidade
de resposta do
ministério da Saúde,
tanto na vertente de
tratamento como também
no processo de
vacinação," disse o
ministro da Presidência
do Conselho de
Ministros, Comunicação
Social e Novas
Tecnologias, Wuando
Castro.
Segundo Wuando Castro a
possibilidade foi
equacionada durante a
reunião do comité de
crise contra covid-19
realizada no sábado que
também admitiu "a
hipótese de utilização
de alguns operativos das
forças militares que têm
formação de base ao
nível da saúde para
também apoiarem neste
processo porque o nível
de contágio nos
profissionais [de saúde]
tem sido também alto, o
que tem condicionado o
bom desempenho deles
para enfrentar agora
esta quarta vaga" no
país "com a presença da
variante Ómicron".
Na semana passada o
ministro da Saúde, Edgar
Neves, afirmou que São
Tomé e Príncipe está-se
a confrontar "com um
aumento vertiginoso do
número de casos na
sociedade de uma forma
geral e muito em
particular nos
profissionais de saúde
nas diferentes
especialidades de
intervenção sanitária."
Em declarações à Lusa a
presidente do Sindicato
dos Médicos, Benvinda
Vera Cruz, afirmou que
tem havido "sobrecarga"
para os profissionais de
saúde que não estão
infetados e referiu que
os estes estão a "gerir
a situação com muita
dificuldade" e com algum
"stress."
"Quando se começa a
fazer o trabalho mais do
que o habitual, é claro
que stressa. É mais
esforço que se tem que
fazer e é mais
stressante", afirmou.
Embora grande parte dos
profissionais estejam em
casa infetados com o
vírus SARS-CoV-2,
Benvinda Vera Cruz disse
que é contra a
contratação de
profissionais reformados
para reforçar apoiar a
luta contra a doença e
na vacinação.
"Uma coisa é covid-19
outra coisa é quando há
uma calamidade qualquer.
Covid-19 é complicado
para estas pessoas que
já estão na reforma, que
são pessoas que já têm
doenças crónicas"
justificou a médica
sindicalista.
"Nós temos que proteger
estas pessoas -- são
pessoas mais velhas,"
precisou.
Benvinda Vera Cruz
reconheceu que neste
momento "há
dificuldades" na
resposta a pandemia
provocada pela falta de
pessoal, mas defendeu
que os profissionais de
saúde "não podem se
queixar."
A presidente do
sindicato dos médicos
defendeu que se deve
reforçar os meios para
"sensibilizar a
população a vacinar-se"
assegurando que "grande
parte dos profissionais
de saúde está vacinada."
"Nós temos consciência
de que nós trabalhamos
com doentes e neste
momento a covid-19 está
altamente contagiosa e
temos todos que
vacinar," acrescentou,
Benvinda Vera Cruz.
O arquipélago de São
Tomé e Príncipe registou
na última semana cinco
mortes associadas à
covid-19 e 992 novas
infeções pelo novo
coronavírus, tendo
atingido o recorde de
319 novos casos em um só
dia, de acordo com os
dados oficiais.
Segundo o Boletim Diário
divulgado hoje pelo
Ministério da Saúde, o
arquipélago registou 24
infeções pelo SARS-CoV-2
nas últimas 24 horas,
sendo 18 na ilha de São
Tomé e seis infeções na
ilha do Príncipe.
Os dados apontam ainda
para um total de 1.613
testes realizados na
semana entre 3 a 9 de
janeiro, dos quais 992
foram positivos e 621
negativos.
O recorde de novas
infeções (319) foi
registado no sábado.
Na semana anterior
tinham sido realizados
449 testes, dos quais
170 tiveram resultado
positivo.
O arquipélago tem 1.059
pessoas sob vigilância
-- 986 em isolamento
domiciliário e 19
internados, dos quais um
em estado grave, na ilha
de São Tomé e 55 pessoas
em isolamento
domiciliário na ilha do
Príncipe.
No total, desde o início
da pandemia, o país
regista 4.916 casos de
infeção, que resultaram
em 63 mortos e 3.794
recuperados. São Tomé e
Príncipe administrou
146.279 doses de vacina
- 88.162 pessoas têm a
primeira dose e 58.117
têm o esquema vacinal
completo.
Lusa