Oposição são-tomense dá nota negativa a Governo sem solução para necessidades da população

user 14-Nov-2023 Nacional

O maior partido da oposição são-tomense, o MLSTP-PSD, deu hoje uma avaliação negativa ao Governo após um ano de poder, criticando a ausência de projetos estruturantes e soluções para os problemas básicos da população que "está desesperada".

"Estamos a falar de um ano de governação, um ano de alternância política, em que o povo ainda não encontrou resolução para os seus problemas básicos e mais candentes. A nossa perceção (...) e estou a ser o mais criterioso possível, a avaliação de desempenho deste 18.º Governo, o balanço é negativo, a nota é negativa", disse hoje Jorge Bom Jesus, presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe -- Partido Social Democrata (MLSTP-PSD).

Em conferência de imprensa o presidente do MLSTP/PSD sublinhou que durante as eleições a Ação Democrática Independente (ADI) que lidera o atual Governo são-tomense com maioria absoluta de 30 deputados, colocou as expectativas da população muita altas e "disse-se ao povo que havia solução para tudo, nalguns casos, até soluções milagrosas", mas hoje o que se vê "é que a montanha pariu o rato".

"Há muita dificuldade que graça no país, o povo está a sofrer, a juventude está desesperada. Há uma debandada, as pessoas procuram tudo para fugir daqui a qualquer preço, não importa o que vão encontrar lá fora é um tubo escape e isto não pode continuar assim", disse o líder do MLSTP/PSD.

Jorge Bom Jesus considera que um ano de governação "é muito tempo para quem disse que tinha todas as soluções", e aponta como causas da "fraca Governação" a "falta do sentido de continuidade de Estado" e também a "ausência de cultura de diálogo e de inclusão".

"É um Governo que acha que pode resolver os problemas de São Tomé e Príncipe sozinho, só com o ADI, orgulhosamente só. O resultado não pode ser outro", sublinhou.

O também ex-primeiro-ministro são-tomense apontou que "os grandes projetos estruturantes" lançados pelo anterior Governo "não saíram do papel" e criticou o "défice" de comunicação e de transparência" do Governo face ao andamento dos projetos, o que "cria terreno fértil para a corrupção".

Na lista, apontou projetos como a construção do porto em águas profundas, a privatização do Porto de Ana Chaves que foi anulado, a requalificação da Marginal 12 de julho, as obras de requalificação do hospital central 12 de julho, "alargamento da pista de aeroporto", que tinha "financiamento garantido da China", a reconstrução das pontes de Lembá, a construção de armazenamento de produtos alimentares na ilha do Príncipe, entre outros.

"Um ano depois já não há justificação para dizer que a culpa é da oposição, que a culpa é do anterior Governo que não deixou dinheiro nos cofres", pontuou o presidente do MLSTP/PSD considerando que "o povo vive num clima de medo e de tensão, porque os indicadores da democracia recuaram" em São Tomé e Príncipe.

"Quando olhamos o país a todos os níveis, ao nível político, económico e social, tentamos agarrar alguma coisa benéfica, alguma coisa positiva que este Governo tivesse feito e não encontramos. Talvez dirão [que] ainda faltam mais três anos, mas o tempo está a correr contra este Governo" censurou Jorge Bom Jesus, apontando que "o custo de vida não para de subir".

Jorge Bom Jesus considerou também que "há uma desorientação ao nível da política externa" que não tem conseguido mobilizar investimentos para o país, tirando para o setor energético assinado recentemente com uma empresa turca.

O líder do MLSTP-PSD defendeu que "é preciso arrepiar caminhos" e considerou que "nem tudo está perdido", apelando ao Governo a mudar de estratégia, "incluir mais, trabalhar com todos".

Instado pela Lusa a comentar as declarações do líder da oposição, o atual primeiro-ministro escusou-se a reagir, referindo que não ouviu, mas que adivinha o que foi dito.

 "Amanhã quando puder ter tempo de ouvir eu poderei reagir [...] quem eu devo falar em primeira mão sobre um ano do Governo é aos são-tomenses, então eu falarei com os são-tomenses, depois se houver algo de interesse para responder ao líder do MLSTP-PSD eu farei", disse Patrice Trovoada.

O primeiro-ministro falava à margem de uma cerimónia de assinatura de acordo de incidência parlamentar entre a ADI e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes-Partido Socialista/Partido de Unidade Nacional (MCI-PS/PUN).

Fontes do Governo disseram à Lusa que Patrice Trovoada vai fazer o balanço de um ano de governação em uma conferência de imprensa apenas com os elementos do seu gabinete de comunicação, que será depois disponibilizada aos órgãos de comunicação social.

O XVIII Governo de São Tomé e Príncipe lidera pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada foi empossado em 14 de novembro de 2022, na sequência das eleições legislativas ganhas pela ADI com maioria absoluta de 30 deputados, derrotando o MLSTP/PSD que obteve 18 mandatos.

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