O Orçamento do Estado são-tomense para este ano, de cerca de
265 milhões de euros, foi hoje aprovado na generalidade, prevendo um
crescimento económico de 3,3% e redução da inflação para 6,9%.
Além do Orçamento do Estado, os deputados também aprovaram
as Grandes Opções do Plano, com 52 votos a favor das bancadas parlamentares da
Ação Democrática Independente (ADI), do Movimento de Libertação de São Tomé e
Príncipe (MLSTP, oposição) e da coligação Movimento de Cidadãos
Independentes-Partido Socialista (MCI-PS/PUN).
Os dois deputados do Movimento Basta abstiveram-se.
"Não esperava quase unanimidade [na aprovação], mas a
minha abordagem nessa governação tem sido no sentido de incluir toda a gente,
mostrar a disponibilidade do diálogo, daí que os deputados entenderam essa
mensagem e sinto-me satisfeito pelo facto de entenderem a minha abordagem, a
minha disponibilidade de continuar a dialogar por um São Tomé e Príncipe
melhor", disse à Lusa o primeiro-ministro são-tomense, a saída do
parlamento.
"Precisamos levar essa mensagem a São Tomé e Príncipe
todo, precisamos fazer valer aquilo que nos une, a unidade, disciplina e
trabalho, para que São Tomé e Príncipe conheça melhores dias", acrescentou
Américo Ramos.
Questionado sobre a capacidade de mobilização de recursos
para a total execução do Orçamento do Estado, Américo Ramos sublinhou que o
Governo "tem feito tudo para aumentar a capacidade de absorção do
país".
"Os parceiros estão disponíveis, eles vão colocando à
nossa disposição recursos e nós temos que aproveitar, temos que trabalhar e
todo o são-tomense tem que trabalhar. E, se nós tivermos essa filosofia, temos
a certeza que nós conseguimos realmente executar este orçamento", disse o
primeiro-ministro são-tomense.
No primeiro dia do debate do OE, na segunda-feira, o
primeiro-ministro disse que, dos 265 milhões de euros, cerca de 104 milhões de
euros (39,2%) "serão investidos diretamente no desenvolvimento do país,
reforçando setores essenciais como saúde, educação, agricultura,
infraestruturas, ambiente, turismo e justiça", o que disse ser "um
sinal claro" do compromisso do Governo "em impulsionar o crescimento
económico e melhorar os serviços essenciais" nos cerca de 20 meses de
governação que lhe restam.
Segundo o chefe do Governo são-tomense, "o aumento das
despesas de funcionamento em 2025 está essencialmente associado à necessidade
de ajuste salarial na Administração Pública", que "será rigorosamente
limitado a 8,3% do PIB [Produto Interno Bruto]", respeitando o teto
estabelecido no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Américo Ramos disse que o orçamento "reforça o
investimento na modernização e expansão da rede de saúde pública, assegurando
que mais são-tomenses tenham acesso a cuidados de qualidade", e prevê um
"novo hospital, cuja construção será financiada com um total de 32,5
milhões de dólares" de financiamento externo.
O Orçamento do Estado são-tomense será discutido na
especialidade, a partir de quarta-feira, prevendo-se a conclusão dos trabalhos
com a aprovação final na sexta-feira.
Américo Ramos foi escolhido pelo Presidente são-tomense,
Carlos Vila Nova, e empossado em 14 de janeiro, após demissão do ex-primeiro-ministro
e presidente da ADI, Patrice Trovoada, no dia 06 do mesmo mês.
Desde então, Patrice Trovoada e alguns membros da
direção da ADI têm contestado e declarado oposição ao novo Governo, que
consideram inconstitucional e impugnaram perante a justiça.
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