Pudul Adjo Balbô,
Ministro dos Negócios Estrangeiros da República de Annobon, manifestou-se
veementemente em defesa do direito à autodeterminação do povo Annobonese,
respondendo àqueles que questionam a possibilidade de a Guiné Equatorial
respeitar a soberania de Annobon. Em sua declaração, o funcionário ressaltou a
importância de considerar os princípios internacionais do direito e não se
limitar a uma interpretação parcial sobre o assunto.
"É mesquinho
pensar que um problema complexo pode ser resolvido exclusivamente com uma única
lei nacional, especialmente quando a Guiné Equatorial assinou pactos e
convenções internacionais que também afetam essa questão", disse ele.
O Ministro criticou
aqueles que defendem a inalienabilidade territorial e a irredutibilidade como
um princípio absoluto, lembrando que a Guiné Equatorial, através do artigo 8.º
da sua Constituição, se compromete a respeitar os princípios do direito
internacional. "Esse direito de irredutibilidade que alguns consideram
absoluto é realmente questionado", disse Balbô, citando vários marcos
jurídicos internacionais que reforçam o direito à autodeterminação dos povos,
como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e as resoluções da
Assembleia Geral das Nações Unidas.
Os fundamentos
jurídicos da autodeterminação
Balbô ressaltou
que, de acordo com a Resolução 1514 de 1960 da Assembleia Geral das Nações
Unidas, "a sujeição dos povos à subjugação, dominação e exploração
estrangeira constitui uma negação dos direitos humanos fundamentais, é
contrária à Carta das Nações Unidas", o que implica que o direito à
autodeterminação também está consagrado naquele documento. Ele também enfatizou
que em territórios não autônomos, como Annobon, o direito à autodeterminação
prevalece sobre o princípio da irredutibilidade territorial, uma vez que
Annobon não goza de nenhum tipo de autonomia sob a administração da Guiné
Equatorial.
Por outro lado, a
Resolução 2625 de 1970 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que promove a
igualdade soberana dos Estados, reforça a obrigação da Guiné Equatorial de
cumprir os seus compromissos internacionais, disse o ministro. Além disso, o
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de 1966, em seu Artigo
1.3, insta os Estados a promover e respeitar o direito à autodeterminação de
acordo com a Carta das Nações Unidas.
Conclusão do
Ministro: Guiné Equatorial deve reconhecer o direito de Annobón
Pudul Adjo Balbô lembrou
que, como membro das Nações Unidas, a Guiné Equatorial é obrigada a cumprir os
princípios do direito internacional e os direitos estabelecidos na Carta das
Nações Unidas. "A autodeterminação é um direito reconhecido
internacionalmente. Nenhum Estado tem o direito de invocar sua legislação
doméstica para violar suas obrigações internacionais", disse o ministro.
Para encerrar seu
discurso, o Ministro das Relações Exteriores da República de Annobón emitiu um
aviso claro: "Da mihi factum, dabo tibi ius" (dê-me o fato, eu lhe
darei o direito). Segundo ele, o povo de Annobón já demonstrou com atos que
merece sua autodeterminação, e a única coisa que falta é que esse direito seja
reconhecido. "Não estamos pedindo que lhes seja concedido um direito, mas
que sejam reconhecidos pelo que já lhes foi concedido pela natureza, pactos
internacionais e resoluções da ONU", concluiu o funcionário annoboneso.
Aitor Martínez
Jiménez.
Nessa linha, também
se expressou o advogado internacionalista Aitor Martínez Jiménez, que
acrescentou: "Além disso, o princípio da soberania nacional como freio aos
processos de autodeterminação, mesmo além das realidades coloniais, está
atualmente em revisão. Na secessão unilateral do Kosovo, a Corte Internacional
de Justiça emitiu uma opinião consultiva na qual afirmou que não havia
impedimento da estrutura jurídica internacional para tal autodeterminação não
colonial. E, de fato, no caso da prática de graves violações dos direitos
humanos contra um povo territorialmente determinado, a secessão é possível
mesmo em contextos não coloniais, por meio da chamada secessão remédio, que foi
invocada pelo relatório Ahtisaari no caso de Kosovo.
A posição
firme de Balbô marca um ponto crucial no debate sobre a soberania de
Annobón, elevando a discussão a um nível internacional e legal ao qual a Guiné
Equatorial prefere escapar.
por Pale Press
