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"Annobón sai às ruas para pedir ajuda"

Como todo final de mês, o primeiro-ministro da República de Annobón, Orlando Cartagena Lagar, dirigiu-se à comunidade Annobonesa por meio de uma mensagem de WhatsApp onde denunciou as violações sistemáticas dos direitos humanos cometidas pela ditadura de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e seu regime. Nesta ocasião, a mensagem foi marcada por um forte apelo à mobilização em Madri em 21 de março, com o objetivo de exigir a mediação da Espanha para pôr fim a "séculos de opressão, dominação e abusos".

"Queremos denunciar mais uma vez as violações dos direitos humanos contra nossa população, que já são endêmicas. Séculos de opressão, séculos de dominação, séculos de abusos e, acima de tudo, falta de respeito e violações dos direitos humanos do povo de Annobón, liderado por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e sua geração de malvados guineenses, que estão devastando nossa terra, nossa cultura e colocando em risco nossa identidade", denunciou Cartagena Lagar.

O primeiro-ministro lembrou que a repressão do regime transformou Annobón em uma prisão a céu aberto, onde seus habitantes foram privados de direitos fundamentais como acesso à educação, saúde, eletricidade e telecomunicações. "Isso não é mais apenas uma questão dos Annobones, é um ultraje à própria vida", enfatizou.

Marcha em Madri: "A Espanha deve responder"

O comício convocado para 21 de março será realizado em dois pontos-chave da capital espanhola: primeiro, em frente ao Ministério do Interior, e depois, em frente ao Congresso dos Deputados. "Annobón sai para a rua para pedir ajuda", declarou Cartagena Lagar. "Queremos saber se a Espanha faz parte dessa situação ou se realmente vai ouvir nosso clamor. Acreditamos no povo espanhol, acreditamos no governo espanhol, acreditamos no rei da Espanha. É hora de eles intervirem."

O primeiro-ministro denunciou que, desde a independência da Guiné Equatorial em 1968, Annobón foi entregue a um destino de abandono, repressão e miséria. "Primeiro sofremos com Macías, que nos deixou imersos em epidemias, fome e morte. Então, há 47 anos, estamos sob uma nova dominação colonial, a de Obiang, que está nos matando de fome e nos privando de qualquer tipo de desenvolvimento.

O Lagar de Cartagena também se referiu à situação das mulheres e meninas da Annobonesa, que são vítimas de abusos sistemáticos nos quartéis do regime. "Sequestrar meninas menores de idade e sujeitá-las a esse abuso não é mais um problema apenas para os Annobonese. Vamos sair juntos em 21 de março e perguntar à Espanha se ela está realmente do nosso lado."

"Levante o remo, grite, grite: Annobón está em perigo"

Em uma segunda mensagem, gravada no mesmo dia, o Lagar de Cartagena insistiu na necessidade de se mobilizar para salvar Annobón do extermínio cultural e físico a que está sendo submetido. "As meninas de Annobón não têm mais voz, as mulheres de Annobón não têm mais voz, os homens de Annobón não têm mais voz", lamentou.

O primeiro-ministro comparou a situação da ilha aos sinais de socorro usados pelos annobones em situações de emergência: "Quando um homem annoboneso está em perigo em alto mar, ele levanta o remo. Quando uma mulher é deixada sozinha no campo porque todos os homens da ilha foram deportados, ela grita. Quando uma criança é espancada ou passa fome, ela chora sem parar até que sua voz desapareça. Annobón sai para a rua hoje para levantar o remo, gritar, chorar.

Por fim, reiterou seu apelo à comunidade internacional e, especialmente, ao Estado espanhol: "Este povo também fez parte da Espanha, também fez parte de sua história, e hoje continua sendo uma colônia enquanto se aguarda uma justa descolonização. Em 1968, quando a Espanha concedeu a independência à Guiné Equatorial, não fomos consultados se quiséssemos fazer parte de algo que não conhecemos. Não nos perguntaram se queríamos fazer parte do nosso carrasco. Hoje saímos às ruas para exigir justiça."

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