O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe defendeu hoje que
nenhum país de desenvolve “sem dívida”, admitindo que o arquipélago são-tomense
“apresenta uma situação de desequilíbrio”, mas que com “bons investimentos”
conseguirá ultrapassar sem grande dificuldade.
“Eu nunca vi um país desenvolver-se sem dívida e, aliás,
todo o esforço que os países fazem em termos de gestão, equilíbrio e défice, é
para melhorar a nota que permite ir buscar dinheiro”, apontou Patrice Trovoada,
em declarações à Lusa, no Porto, à margem de um fórum dedicado às oportunidades
de negócio entre Portugal e São Tomé e Príncipe.
O chefe de Governo são-tomense reconhece que a situação do
país é “de desequilíbrio” mas acredita que se tiver “bons investimentos dá a
volta” de forma “relativamente” fácil.
Numa altura em que o país está a negociar ajuda financeira
com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Patrice Trovoada defendeu que cabe a
cada país decidir o que precisa.
“Nós temos que dizer claramente o que é que nós queremos. O
FMI, se nós não soubermos o que queremos, vai impor a sua visão das coisas. Nós
é que estamos no terreno, nós que é sabemos, é preciso dizer isso”, apontou.
Nesse contexto, prosseguiu, “temos a responsabilidade também
de gerir e de governar as nossas finanças de maneira mais cautelosa,
responsável, mais equilibrada, que depois não nos obrigue a ter que aceitar
qualquer condição que o FMI nos queira impor”, defendeu.
Desde a entrada em funções, em dezembro de 2022 que o
Governo são-tomense tem estado a negociar um programa de crédito alargado com o
FMI, num entendimento difícil, mas em setembro Patrice Trovoada disse à Lusa
que as negociações evoluíram e espera “fechar o acordo” em outubro.
O primeiro-ministro são-tomense admitia então que algumas
medidas tinham que ser tomadas, devido a “grandes desequilíbrios”, mas
assegurou que tudo será feito em função daquilo “que é suportável para os
são-tomenses” e defendia que “a vida dos são-tomenses só vai mudar” com
investimentos privados.
Em várias ocasiões o primeiro-ministro são-tomense referiu
que a ausência de acordo com o FMI “tem condicionado a execução do programa de
investimento público e continua a impactar negativamente as reservas
internacionais líquidas”, o nível de importações de bens e serviços, e “em
última instância a atividade económica” do arquipélago.
