O relatório preliminar da MOE UE também afirma que "a
campanha eleitoral foi conduzida pacificamente" e a liberdade de expressão
"foi, de um modo geral, respeitada"
Foto: EPA
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE)
às eleições gerais de quarta-feira em Moçambique considerou hoje que a votação
foi "pacífica e ordeira", num "contexto de desconfiança pública
e credibilidade do processo eleitoral afetada".
Ao apresentar a avaliação preliminar do processo eleitoral,
em Maputo, a chefe da missão, Laura Ballarín, apontou que os "órgãos
eleitorais conduziram a votação de forma ordeira", que as pessoas
"votaram calmamente e os procedimentos foram maioritariamente seguidos
durante a votação" e que, durante a campanha, "as liberdades
fundamentais foram geralmente respeitadas".
No total, a MOE UE enviou 179 observadores de 24
Estados-membros da União Europeia, do Canadá, Noruega e Suíça para todo o país
e no dia das eleições estes "visitaram 729 assembleias de voto em todas as
províncias e em 78 distritos".
Ao apresentar a avaliação preliminar do processo eleitoral,
a missão apontou uma "distorção evidente das condições a favor do partido
no poder no decurso da campanha", tendo "a Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo) beneficiado das vantagens inerentes ao poder através da
utilização indevida de recursos estatais".
O relatório preliminar da MOE UE também afirma que "a
campanha eleitoral foi conduzida pacificamente" e a liberdade de expressão
"foi, de um modo geral, respeitada durante todo o período da campanha",
entre outras considerações.
Laura Ballarín sublinhou igualmente que foi verificada
"uma notável falta de confiança na fiabilidade dos cadernos eleitorais e
na independência dos órgãos eleitorais" e que foram observados alguns
casos de "enchimento de urnas".
"Para além disso, os nossos observadores referiram que
a contagem dos votos foi lenta e que sofreu de desorganização e falia de
clareza", apontou Laura Ballarín, embora sublinhando que a missão não
valida ou legitima os resultados eleitorais.
No relatório, a MOE UE afirma "que a maioria dos
partidos políticos da oposição expressou falta de confiança na imparcialidade e
independência" dos órgãos eleitorais, "incluindo o Conselho
Constitucional".
"A falta de estratégia de comunicação pública da CNE
[Comissão Nacional de Eleições] contribuiu para esta desconfiança",
aponta-se ainda.
As eleições gerais de quarta-feira incluíram as sétimas
presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe
Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com
as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
Além de Venâncio Mondlane, à eleição à Presidência da
República concorreram Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de
Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da
Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), e Ossufo
Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido
da oposição).
A votação incluiu legislativas (250 deputados) e para
assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com
794 mandatos a distribuir. A CNE aprovou listas de 35 partidos políticos
candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de
cidadãos eleitores às assembleias provinciais.
Lusa
