"Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz
também é crucial no conflito entre a Ucrânia e a Rússia", disse o
Presidente brasileiro nas palavras finais do seu discurso, na cimeira do BRICS.
Lula disse que "chegou o momento de avançar" na
criação de um sistema de pagamentos alternativo que permita aos países
emergentes não utilizarem o dólar nas suas trocas
O Presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva, defendeu
esta quarta-feira conversações de paz para por fim à guerra na Ucrânia, durante
a sua participação, por videoconferência, na cimeira do bloco das principais
economias emergentes (BRICS).
“Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é
crucial no conflito entre a Ucrânia e a Rússia”, disse Lula nas palavras finais
do seu discurso para os participantes na cimeira, que decorre na cidade russa
de Kazan.
O governante brasileiro, que juntamente com o seu
homólogo chinês Xi Jinping está a promover uma iniciativa de paz, que a Ucrânia
já rejeitou, fez esta referência ao conflito em solo europeu depois de falar
sobre a guerra que Israel lançou na Faixa de Gaza e no Líbano contra o grupo
armado palestiniano Hamas e o Hezbollah libanês.
“Numa altura em que estamos perante duas guerras com
potencial para se tornarem globais, é fundamental resgatar a nossa capacidade
de trabalhar em conjunto para objetivos comuns”, sublinhou o líder brasileiro.
Na sua participa, por videoconferência, a partir de
Brasília, Lula disse ainda que “chegou o momento de avançar” na criação de
um sistema de pagamentos alternativo que permita aos países emergentes não
utilizarem o dólar nas suas trocas.
“Chegou o momento de avançarmos na criação de meios de
pagamento alternativos para as transações entre os nossos países. Não se trata
de substituir as nossas moedas. Mas temos de trabalhar para garantir que a
ordem multipolar a que aspiramos se reflita no sistema financeiro
internacional”, afirmou.
Lula cancelou a sua viagem à Rússia por recomendação médica,
depois de ter sofrido uma queda na sua residência, no sábado, que lhe provocou
um corte na nuca, que exigiu cinco pontos.
A cimeira de Kazan é a primeira do grupo de economias
emergentes após o seu alargamento de cinco para nove membros em janeiro.
Após a reunião em formato reduzido, os países BRICS —
Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irão, Egito, Emirados Árabes
Unidos e Etiópia — sentar-se-ão à mesa com representantes de cerca de 20
Estados convidados para o evento, incluindo a Turquia, a Bolívia, a Venezuela e
a Nicarágua.
No final da cimeira, os líderes dos BRICS adotarão uma
declaração conjunta sobre uma série de questões globais, incluindo o conflito
na Ucrânia.
O grupo BRICS, fundado informalmente em 2006 e que realizou
a sua primeira cimeira em 2009, inclui países que representam cerca de um terço
da economia mundial e mais de 40% da população global.
Analistas internacionais sublinharam que nesta cimeira,
o Presidente russo, Vladimir Putin, quer mostrar ao mundo que a Rússia não
está tão isolada como o Ocidente tem afirmado, ao mesmo tempo que pretende
abrir caminho para a formação de uma nova frente global que pretende desafiar a
hegemonia dos Estados Unidos.
Lusa
