O Banco Mundial desempenha um papel fundamental na
transformação das infraestruturas de São Tomé e Príncipe (STP), ao financiar o
Projeto de Desenvolvimento do Sector dos Transportes e Proteção Costeira. Este
projeto inclui, nomeadamente, a reabilitação de um troço de 14 quilómetros da
Estrada Nacional 1 (EN-1), que liga a capital São Tomé a Guadalupe. A
iniciativa tem por objetivo estabelecer um novo padrão para a construção de
estradas resistentes ao clima na região. Ao centrar-se na melhoria da qualidade
das estradas, incorporando sistemas de drenagem melhorados, passeios e
elementos de segurança, o projeto aborda tanto as preocupações ambientais como
sociais. Espera-se que esta infraestrutura melhorada incremente
significativamente a mobilidade, impulsione as empresas locais e aumente a
segurança dos residentes, definindo uma referência elevada para futuros
projetos rodoviários no país.
Sempre que chove forte na cidade de São Tomé e arredores, a
ansiedade toma conta dos cidadãos e dos governantes. Nos últimos anos, as
chuvas fortes provocaram inundações, deslizamentos de terras e destruíram
pontes, deixando um rasto de destruição. Infelizmente, as infra-estruturas
existentes, especialmente as estradas, não foram concebidas para resistir aos
choques climáticos que ocorreram ou aos que provavelmente ocorrerão no futuro.
Prevê-se que a precipitação no país se intensifique nas próximas décadas devido
às alterações climáticas. As reparações paliativas não resolveram os problemas
de buracos e outros perigos nas estradas que ligam a cidade aos bairros e
distritos do interior da ilha. Por isso, as estradas em STP têm sido uma
preocupação constante devido ao seu uso frequente, por vezes de carácter
emergencial, e aos recursos limitados disponíveis para a sua manutenção. A
qualidade deficiente das estradas e a sua curta vida útil tornaram-se uma fonte
constante de transtornos e dificuldades para os santomenses e visitantes,
especialmente para os turistas, que não podem desfrutar de uma condução
tranquila e segura.
A reabilitação e modernização da atual Estrada Nacional 1
(EN1), que liga a capital às cidades do norte, foi recentemente concluída para
o primeiro troço e foi concebida para resistir ao impacto da alteração dos
padrões climáticos.
Espera-se que o novo troço da estrada proporcione um meio de
transporte seguro e eficiente para todos os seus utentes, tendo sido construído
com um elevado padrão de qualidade e com um enfoque na sustentabilidade e na
resiliência. Terá impactos significativos para os santomenses e estabelece um
novo padrão para futuras estradas, melhora a mobilidade e beneficia as empresas
e as zonas residenciais.
Novo padrão de construção de estradas
O Banco Mundial deu um passo importante no sentido de
estabelecer um padrão para estradas resistentes ao clima em STP ao financiar
o Projeto de Desenvolvimento do Sector dos Transportes e Proteção Costeira
para São Tomé e Príncipe, que inclui a reabilitação de um troço de 14
quilómetros da EN-1, que se estende de São Tomé a Guadalupe. O projeto foi
implementado com foco na reparação da estrada principal e dos seus passeios,
sistemas de drenagem, pontes e sinalização. Além disso, a reabilitação foi
realizada com a máxima consideração pelas preocupações ambientais e sociais,
que foram priorizadas ao longo do projeto.
Helder Paquete, Diretor Executivo do Instituto Nacional de
Estradas (INAE)
“O troço de estrada de São Tomé a Guadalupe é uma referência
para nós. Esperamos que todas as estradas futuras sejam construídas, pelo
menos, com este padrão, com foco na resiliência climática. Isto inclui o
provimento de passeios, asfalto de alta qualidade, sinalização clara, pontes
renovadas, passadeiras com lombas e todas as características de segurança
necessárias para evitar acidentes. Como sabemos, os acidentes rodoviários
representam um encargo significativo para o Estado, e a redução do seu número é
crucial para poupar vidas e dinheiro. O custo da reabilitação de um ser humano
é bastante elevado", afirmou Helder Paquete, Diretor Executivo Nacional do
Instituto Nacional de Estradas (INAE) de STP.
O projeto EN-1 definiu um novo padrão para a construção de
estradas em São Tomé e Príncipe. Todas as novas estradas devem agora cumprir um
padrão mínimo de qualidade, independentemente da fonte de financiamento. Este é
um desenvolvimento positivo para as infra-estruturas do país e beneficiará
todos aqueles que dependem destas estradas.
Impacto na mobilidade
Gomes, que trabalha como motorista há 20 anos, é o
presidente da Associação de Taxistas do Distrito de Lemba. É conhecedor da
estrada EN-1 e está familiarizado com os seus contornos antes e depois da sua
reabilitação.
“Estamos muito gratos por esta estrada ter sido reabilitada
porque sofremos muito. Trabalhar nesta estrada era difícil e os nossos carros
ficavam frequentemente danificados, pelo que não podíamos desfrutar dos
resultados do nosso trabalho árduo. As dificuldades não eram apenas para nós,
taxistas, mas também para os nossos passageiros, pois não podíamos responder
prontamente às suas necessidades. As obras efectuadas nesta estrada
ultrapassaram as nossas expectativas. Estávamos à espera que fosse colocada uma
nova camada de asfalto, na esperança de que esta eliminasse os problemas das
pedras, do pó e dos buracos. No entanto, o que recebemos foi uma estrada
moderna, com toda a sinalização necessária e áreas designadas para o embarque e
desembarque de passageiros", disse Gomes. “Gostaríamos de ver mais
estradas como esta construídas noutras partes do país para melhorar o trabalho
dos nossos colegas taxistas. Também estamos interessados em participar na
manutenção desta estrada. Pedimos ao presidente da câmara que nos convide a
ajudar a limpar o sistema de drenagem durante a época das chuvas e a prevenir o
vandalismo.”
Os moto-taxistas, que também ganham a vida na estrada,
beneficiaram muito com as extensas obras de reabilitação da estrada. Carlos
Andrade, pai de três filhos, trabalha como moto-taxista em Guadalupe há 15
anos. É membro da associação local de moto-táxis, que conta com 14 membros.
“Já viajei por muitos distritos de São Tomé e tenho de
admitir que nunca vi uma estrada que se comparasse a esta. Antes da construção
desta estrada, era só pó e pedras e era uma das piores estradas. Como
moto-taxista, era muito difícil para mim percorrê-la e tinha de gastar muito em
peças sobressalentes porque as motos estavam sempre avariadas. No entanto,
agora a estrada foi bem construída e sinalizada, o que facilita a nossa
deslocação. Agora somos obrigados a ter mais cuidado ao conduzir porque há
crianças a atravessar a estrada. Agora podemos trabalhar até às 21 horas por
causa das lâmpadas. Se alguém entrar nesta estrada, vai sentir-se como se
tivesse entrado num país diferente, porque a estrada é bem iluminada e
bonita", disse Carlos Andrade.
Impacto nas empresas
A EN-1 é uma estrada crucial em STP, pois liga as zonas
industriais, agrícolas e de pesca da ilha. O mau estado da estrada causou
dificuldades à população e afectou o sucesso das empresas. A EN-1 liga a
capital a zonas críticas da economia santomense, nomeadamente o porto de
combustíveis, a cervejaria e complexos turísticos.
Tiziano Pisoni é um empresário italiano que reside em STP há
32 anos. É proprietário do Mucumbli Eco-Lodge, uma estância turística situada
em Neves, ao longo da estrada EN-1. Antes de enveredar pela indústria do
turismo, trabalhou na manutenção de estradas e foi um dos responsáveis pela
criação dos Grupos de Interesse de Manutenção de Estradas (GIMEs), as
associações comunitárias que realizam actividades de manutenção de estradas em
STP. Por conseguinte, está bem preparado para partilhar a sua opinião de
especialista sobre a qualidade da estrada EN-1.
Tiziano Pisoni, proprietário do Mucumbli Lodge, ao longo da
estrada EN-1
“A estrada de São Tomé a Guadalupe é, sem dúvida, a melhor
do país. A sua qualidade é comparável à dos padrões internacionais e mesmo
europeus. A iluminação ao longo da estrada reduziu significativamente o risco
de acidentes, tornando-a uma estrada segura para viajar. Temos a nossa empresa
em Neves há 12 anos e enfrentámos muitos desafios nesta estrada. Tínhamos
custos muito elevados com a manutenção do carro devido à estrada, e também o
tempo que demorávamos a viajar era demasiado. Após a reabilitação da estrada, a
comunicação entre a nossa empresa e a cidade tornou-se muito mais fácil.
Notámos um aumento significativo de clientes, especialmente nos nossos
restaurantes. Anteriormente, as pessoas que viviam em São Tomé hesitavam em visitar-nos
devido ao mau estado da estrada. No entanto, com a conclusão da primeira parte
da estrada, registámos um aumento do número de pessoas que nos visitam",
disse Tiziano.
Honorato Clemente, 65 anos, vive no bairro do Conde, junto à
EN-1. Após a reabilitação da estrada, ficou motivado para abrir uma loja de
cerveja de venda a grosso.
“Vivo neste bairro desde criança. Quando cheguei, não havia
sequer dez casas. Durante muitos anos, parecia um sítio esquecido. No entanto,
com a reabilitação da estrada, Conde tornou-se em uma vila. As nossas casas
valorizaram-se e há muita gente a querer viver aqui", diz Honorato. “Decidi
abrir este armazém de cerveja aqui devido ao aumento do tráfego na estrada. A
maioria dos meus clientes vem de outros bairros”.
Impacto nas zonas residenciais
Wilfredo Moniz, advogado e morador do bairro Changra, no
distrito de Lobata, utiliza a EN-1 para ir ao trabalho. A nova estrada traz
inúmeros benefícios para ele e para a comunidade que o rodeia, incluindo a
melhoria da mobilidade e a valorização económica dos seus bairros.
“Cada centímetro de terra é crucial para uma pequena ilha
como São Tomé e Príncipe. As más condições das estradas obrigaram muitas
pessoas a deslocarem-se para a capital em busca de um sítio para viver. No
entanto, com a reabilitação da EN-1, as pessoas estão agora a procurar casas
nos bairros mais próximos. Como resultado, estamos a ver muitos edifícios a
serem construídos à volta da estrada. É importante que o trabalho de
reabilitação continue até chegar a Neves ou mesmo a Santa Catarina. Este
corredor é a espinha dorsal económica de São Tomé e Príncipe e a sua
reabilitação completa ajudará o país e muitas pessoas a saírem da
pobreza", afirmou.
worldbank
