A Comissão Europeia
pediu hoje aos Estados-membros da União Europeia (UE) para disponibilizarem
vacinas e medicamentos para África devido ao surto da nova variante, mais
perigosa, de monkeypox (mpox), indicando estar disponível para organizar as
doações.
"Escrevi aos
ministros da Saúde da UE sobre os planos de doação de vacinas e terapêuticas
contra o vírus mpox. A solidariedade mundial é fundamental para enfrentar as
ameaças globais à saúde", escreveu a comissária europeia da tutela, Stella
Kyriakides, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
"Contamos com
os Estados-membros para apoiarem os nossos parceiros africanos na gestão do surto",
sendo que "a Comissão está pronta a coordena" a mobilização,
acrescentou a responsável.
Na missiva,
partilhada na mesma rede social, Stella Kyriakides defendeu que, perante o
surto em vários países africanos, é necessário "agir em conjunto, de forma
coordenada e sustentada".
Depois de o
executivo comunitário já ter organizado a mobilização de 215 mil doses de
vacinas, a responsável admite que "as doses necessárias para combater o
atual surto são, evidentemente, muito mais elevadas".
"Vários
Estados-membros e países terceiros anunciaram a sua intenção de doar doses aos
países afetados e a África. As doações europeias terão um impacto mais imediato
se forem coordenadas e canalizadas com a abordagem da [iniciativa conjunta]
Equipa Europa, já testada e comprovada, como foi feito com sucesso durante a
pandemia de covid-19", adiantou.
Com a carta, Stella
Kyriakides pede então que, até final de agosto, os países notifiquem Bruxelas
sobre a "intenção de doar vacinas e terapêuticas contra o vírus mpox e
quais os volumes disponíveis para doação".
A posição surge
depois de uma reunião técnica na semana passada, em Bruxelas, em resposta à
emergência de saúde pública internacional declarada pela OMS face ao atual
surto de mpox na República Democrática do Congo, na qual não foram porém
decididas novas medidas.
Há uma semana e
após um primeiro caso importado na Europa, o Centro Europeu de Prevenção e
Controlo das Doenças estimou ser "altamente provável" que a UE tenha
mais casos importados de mpox, após a nova variante ter aparecido nesse caso
detetado na Suécia importado de África.
Ainda assim,
segundo o centro europeu, a probabilidade de transmissão sustentada na Europa é
muito baixa, desde que os casos importados sejam diagnosticados rapidamente e
que sejam aplicadas medidas de controlo.
Também nessa
altura, a Direção-Geral da Saúde esclareceu que nenhum dos casos de mpox
reportados em Portugal é da variante mais perigosa da doença (clade I).
Logo depois de a
Suécia ter registado o primeiro caso de uma variante mais contagiosa e perigosa
da doença, a OMS alertou para a possibilidade de serem detetados na Europa
outros casos importados de mpox.
A OMS já tinha
declarado, em meados de agosto, o surto de mpox em África como emergência
global de saúde, com casos confirmados entre crianças e adultos de mais de uma
dezena de países e uma nova variante em circulação.
Esta é a segunda
vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça
para a saúde internacional, um alerta que foi inicialmente levantado em maio do
ano passado, depois de a sua propagação ter sido contida e a situação ter sido
considerada sob controlo.
A nova variante
pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem
necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante
de 2022.
O mpox transmite-se
sobretudo pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via
sexual.
por Lusa
