São Tomé e Príncipe deverá rever a sua Constituição da
República em 2025, num processo anunciado pelo primeiro-ministro, Patrice
Trovoada, cujo objetivo passa por clarificar "zonas de confusão" e
equacionar a possível mudança para um regime presidencialista.
São Tomé e Príncipe
Aatual Constituição são-tomense está em vigor desde 2003,
não tendo, até ao momento, sofrido qualquer revisão.
Em setembro, o primeiro-ministro são-tomense, disse que o
seu partido, a Ação Democrática Independente (ADI) vai avançar com a revisão da
Constituição do arquipélago e admitiu propor a mudança para o regime
presidencialista antes das eleições gerais de 2026.
"A Constituição da República tem que ser reformada.
Existem muitas zonas de confusão, muitas zonas de má interpretação, muitas
zonas em que as pessoas comportam-se, por ignorância ou por vontade própria, de
uma maneira que pode pôr em causa o funcionamento regular das instituições,
então é melhor clarificarmos a Constituição", disse Patrice Trovoada.
O parlamento são-tomense tem 55 deputados e a ADI tem
atualmente 30 deputados e um acordo de incidência parlamentar com o Movimento
de Cidadãos Independentes/Partido de Unidade Nacional (MCI-PS/PUN), com cinco
deputados.
A oposição é constituída por 18 deputados do Movimento de
Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP) e dois do Movimento Basta.
"Se for essa a vontade também da maioria dos partidos
políticos com assento parlamentar, o ADI está aberta até a questionar se
devemos continuar com o sistema semipresidencial de pendor parlamentar ou se
devemos evoluir ou mudar para um sistema presidencialista", disse, Patrice
Trovada, assegurando que "isso tudo será feito não por preocupações
pessoais ou da agenda pessoal".
Dias depois, o Presidente são-tomense também defendeu a
revisão da Constituição para "melhorar muito a gestão do país" e
"limpar zonas de conflito", mas não assumiu posição quanto à mudança
do sistema político.
"Entendo que a revisão da Constituição, no caso de São
Tomé e Príncipe, nunca pode ser orientada em função das pessoas. Tivemos esse
exemplo em 2003, as pessoas passam e as instituições ficam", disse Carlos
Vila Nova.
No início do ano, todos os partidos com assento no
parlamento admitiram a necessidade de avançar com a revisão da Constituição,
faltando o acordo quanto à alteração do sistema político para o
presidencialismo.
Muitos juristas e analistas também apoiaram a revisão da
Constituição, mas consideram que não é o melhor momento para a alteração do
sistema político, sobretudo pela fragilidade das instituições do país,
nomeadamente no setor da justiça.
