por Lusa
O
primeiro-ministro são-tomense afirmou hoje que o acordo de facilidade de
crédito alcançado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) permite aos
investidores olharem para o arquipélago "com mais confiança" e
facilitará desembolsos de ajudas ao orçamento.
"Esse programa
é um instrumento fundamental de credibilidade externa a nível financeiro, que
irá permitir aos investidores, aos bancos e aos bancos multilaterais de apoio
ao desenvolvimento, poderem olhar para São Tomé e Príncipe com mais confiança.
Irá permitir aos países amigos, a nível bilateral também, de poderem direcionar
fundos para São Tomé e Príncipe, irá permitir nós termos acesso também a alguns
créditos concessionários, apoios ao orçamento", disse Patrice Trovoada.
O Fundo Monetário
Internacional (FMI) anunciou hoje a aprovação de um acordo para São Tomé e
Príncipe, no valor de 24 milhões de dólares (23,11 milhões de euros) válidos
por 40 meses, para apoiar as reformas económicas e estruturais do país.
A aprovação pelo
Conselho de Administração deste acordo, que tinha o aval técnico desde outubro,
como a Lusa noticiou na altura, permite o desembolso imediato de cerca de cinco
milhões de dólares (4,81 milhões de euros ao câmbio atual), sendo que "a
quantia restante será desembolsada ao longo da vigência do acordo, sob reserva
das avaliações semestrais", refere o FMI num comunicado divulgado esta
madrugada.
Em comunicado de
imprensa, o primeiro-ministro são-tomense sublinhou que "esse programa foi
obtido depois de negociações difíceis, em que o Governo procurou sempre
salvaguardar os interesses de São Tomé e Príncipe e fazer com que as medidas de
estabilização macroeconómicas sejam medidas que afetam o menos possível as
camadas sociais mais desfavorecidas".
"É preciso
perceber que, no quadro desse acordo, temos que continuar com as reformas,
temos que continuar a reestruturar as empresas públicas [...] temos de
continuar a lutar contra os défices, contra o endividamento que não se traduz
com o crescimento económico e temos de continuar também a procurar reduzir as
despesas que não são as mais indispensáveis", acrescentou Patrice
Trovoada.
O chefe do
executivo são-tomense sublinhou que "o esforço, as reformas, a melhor
governação" têm de estar no topo da agenda do Governo.
"Eu espero que
nos próximos meses se continuem a fazer os sacrifícios necessários para
sobretudo podermos reduzir os grandes desequilíbrios que são causados pelo
setor da energia e fazermos o mais rapidamente possível a transição energética
que vai nos permitir restabelecer alguns indicadores como a situação das
divisas que é a mais gritante que temos atualmente", disse o
primeiro-ministro.
Neste sentido,
destacou a estratégia de transição energética através da descarbonização que
prevê a partir do próximo ano o "aumento faseado, gradual, diferenciado de
tarifas de eletricidade" até 2030.
Questionado sobre
as suas declarações de junho quando disse que não aceitava a proposta do FMI
para aumentar o preço do combustível e eletricidade em troca do
acordo de crédito alargado para não piorar a situação social no arquipélago,
Patrice Trovoada, admitiu que houve evoluções nas negociações.
"Se nós assinamos
hoje o programa, é porque nós consideramos que as condições de implementação do
programa, nomeadamente, no que diz respeito às obrigações do Estado
são-tomense, são possíveis. Se nós não concordámos há alguns meses atrás, era
porque não eram possíveis. Não se trata de uma cedência, trata-se de uma
evolução", disse.
Desde a entrada em
funções, em dezembro de 2022, que o Governo são-tomense tem estado a
negociar um programa de crédito com o FMI, mas as partes não tinham chegado a
um entendimento que permitisse ao corpo técnico do Fundo apresentar uma
proposta à direção para aprovação.
O acordo é
alcançado numa altura em que São Tomé e Príncipe saiu do grupo de países menos
desenvolvidos, passando a pertencer ao grupo dos Estados de rendimento médio.
