O primeiro-ministro
são-tomense disse que pediu ao Tribunal Constitucional a fiscalização das
normas da resolução do governo que aumentou as taxas aeroportuárias, contra um
veto do Presidente da República que disse estar a trabalhar para anular o
documento.
“Eu disse ao
Presidente que face a todas as interpretações, algum barulho, algum
aproveitamento político, o Governo iria pedir ao Tribunal Constitucional para
que pudesse se pronunciar se houve violação da Constituição, usurpação de
poderes indevidos por parte do Governo, de modo a que tudo isso fique
esclarecido”, disse Patrice Trovoada, num vídeo publicado na página do Governo
no Facebook, antes de deixar o país em viagem privada.
Segundo o
primeiro-ministro, “o Presidente não discordou” e achou que “era uma boa
ideia”, por isso o Governo assim o fez na quinta-feira e tornou público na
sexta-feira, através de uma nota de imprensa, embora não tenha sido partilhada
como habitual na página oficial do Governo, nem enviada aos órgão privados.
“O assunto hoje
está na justiça, por isso não vou-me pronunciar já que está na justiça, vou
aguardar serenamente que o Tribunal Constitucional nos oriente sobre essa
questão e a sua decisão será a decisão que riremos cumprir, ela de facto nos
obriga a todos”, disse o primeiro-ministro.
A reação de Patrice
Trovoada surge na sequência das declarações do Presidente da República, Carlos
Vila Nova que, no sábado, disse que está a trabalhar para anular a resolução
porque considera “difícil para as pessoas”.
“Digo isso para que
todos os cidadãos saibam: Estou a trabalhar para anular a resolução que aplica
as taxas”, disse.
A resolução
aprovada pelo Governo, contrariando um veto político do chefe de Estado, Carlos
Vila Nova, fez subir a Taxa Reguladora de 18,16 euros para 20 euros, a Taxa de
Segurança, de 4,74 euros para 28 euros, e criou a Taxa de Desenvolvimento
Aeronáutico no valor de 62 euros, passando a ser cobradas nos voos de ida e
volta para São Tomé, num total de 220 euros.
Para as ligações
entre as ilhas de São Tomé e do Príncipe as taxas foram fixadas em 32 euros por
passageiro, que, segundo o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada,
representa uma redução de cerca de 40%.
Os novos valores
foram aplicados contra a vontade do Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova,
que disse que não promulgou o decreto através do qual o Governo pretendia
introduzir a medida porque considerou “que as taxas e os valores aí expressos
eram elevados e que prejudicariam de alguma maneira a vida das pessoas”, por
isso estranhou que o executivo tenha optado por avançar através de uma
resolução
Vila Nova instou o
Governo a reapreciar a decisão e a encontrar “medidas alternativas para não
encarecer ainda mais a vida dos cidadãos, nem tão pouco criar constrangimentos
ao desenvolvimento do turismo”, mas o pedido não foi atendido e a medida entrou
em vigor em 01 de dezembro.
“Não há negociação
com o Governo e dentro das minhas competências eu irei trabalhar para que a
resolução seja anulada brevemente”, declarou hoje Carlos Vila Nova, quando
questionado pelos jornalistas, no sábado, no final da sua participação na missa
em alusão ao Santo Tomé Poderoso, padroeiro de São Tomé e Príncipe.
“Quanto as
declarações (do Presidente da República, vocês devem perceber que não posso,
nem devo comentar”, reagiu Patrice Trovoada, horas depois do pronunciamento do
Presidente da República.
Todos os partidos
da oposição contestaram a resolução do Governo, tendo o Movimento Basta
introduzido uma providencia cautelar no Supremo Tribunal de Justiça nas vestes
do Tribunal Administrativo para anular o documento antes da sua entrada em
vigor, mas a até ao momento os juízes não decidiram sobre o assunto.
Um grupo de
juristas apresentou uma denúncia ao Ministério Público pedindo a
responsabilização do primeiro-ministro por prevaricação, por aumentado as taxas
aeroportuárias por resolução, alterando um decreto-lei anterior.
Lusa
