O novo Governo são-tomense anulou hoje a resolução aprovada
pelo executivo anterior que aumentou as taxas aeroportuárias para 220 euros,
contestada pelo Presidente da República que vetou a proposta de decreto
sobre a matéria.
Onovo executivo liderado pelo primeiro-ministro Américo
Ramos, que foi empossado no dia 14 de janeiro, justifica a anulação da
resolução com "a necessidade de salvaguardar os superiores interesses do
Estado são-tomense [...] e reconhecendo a importância de uma abordagem
consensual e equilibrada entre as partes envolvidas".
A anulação foi decidida na segunda reunião do Conselho
de Ministros realizada na quinta-feira, antecipando o prazo de 15 dias que
havia sido fixado na reunião anterior.
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, a decisão foi
tomada em concordância com os investidores turcos que assinaram contratos com o
executivo anterior para a gestão do aeroporto e uma central energética.
O documento sublinha "a total abertura e colaboração
demonstradas pelos investidores que, além de aceitar a revisão, manifestaram o
interesse em continuar a parceria estratégica com o atual Governo, reforçando a
confiança e a segurança jurídica no ambiente negocial".
A resolução aprovada pelo Governo anterior liderado pelo
ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, demitido no dia 06 de janeiro, fez subir
a Taxa Reguladora de 18,16 euros para 20 euros, a Taxa de Segurança, de 4,74
euros para 28 euros, e criou a Taxa de Desenvolvimento Aeronáutico no valor de
62 euros, passando a ser cobradas nos voos de ida e volta para São Tomé, num
total de 220 euros.
Para as ligações entre as ilhas de São Tomé e do Príncipe as
taxas foram fixadas em 32 euros por passageiro.
A medida foi adotada contra a vontade do Presidente
são-tomense, Carlos Vila Nova, que disse que não promulgou o decreto através do
qual o Governo pretendia introduzir a medida porque considerou "que
as taxas e os valores aí expressos eram elevados e que prejudicariam de alguma
maneira a vida das pessoas", por isso estranhou que o
executivo tivesse optado por avançar através de uma resolução.
O chefe de Estado instou o anterior Governo a reapreciar a
decisão antes da entrada em vigar da resolução, mas o pedido foi ignorado, por
isso, em finais de dezembro prometeu "trabalhar para que a resolução seja
anulada".
No entanto, Carlos Vila Nova, demitiu o Governo em 06 de
janeiro, tendo alegado entre outras questões a deslealdade institucional por
parte do ex-primeiro-ministro.
Todos os partidos da oposição também contestaram a resolução
do Governo, tendo o Movimento Basta, com dois deputados no parlamento,
introduzido uma providência cautelar no Supremo Tribunal de Justiça nas vestes
do Tribunal Administrativo para anular o documento antes da sua entrada em
vigor.
Um grupo de juristas também apresentou uma denúncia ao
Ministério Público pedindo a responsabilização do ex-primeiro-ministro Patrice
Trovoada por prevaricação, pelo aumentado das taxas aeroportuárias por
resolução, alterando um decreto-lei anterior, enquanto o anterior executivo
pediu um parecer do Tribunal Constitucional sobre o assunto.
Até ao momento não é conhecida qualquer decisão da justiça
são-tomense sobre o assunto.
© Lusa
