O parlamento são-tomense viabilizou hoje, com apoio de todos
os partidos, o programa do Governo liderado por Américo Ramos, que disse estar
focado na "criação de riqueza" e na "transformação estrutural da
economia e do Estado".
Na apresentação do documento, o primeiro-ministro salientou
que o programa "é um roteiro de políticas de continuidade, retemperadas
pelo pragmatismo, pela eficácia e pela gestão transparente e criteriosa da
coisa pública".
"Sabemos que o tempo urge e é expressamente proibido
decepcionar o povo", declarou, dizendo que optou "por uma equipa de
trabalho menos dispendiosa, enxuta, competente e focada nos problemas do país
real, com todas as energias viradas para a criação de riqueza, a transformação
estrutural da economia e do Estado, para depois distribuir prestações sociais e
serviços".
O programa, disse, está estruturado em cinco
eixos e prioriza várias ações, entre as quais a digitalização e
modernização dos serviços públicos, o fortalecimento dos meios de escrutínio e
participação dos cidadãos, a descentralização do poder, o desenvolvimento
económico sustentável através da diversificação da economia e reforço dos
setores produtivos, bem como a infraestruturação do país.
Pretende ainda a melhoria do ambiente de negócios e da
atração do investimento direto, a segurança jurídica para os investidores, a
aposta na descarbonização e na transição para sistemas de energias renováveis,
limpas, ambiental e economicamente sustentáveis.
"A integração regional e a diplomacia económica e
proactiva são decisivas para o desenvolvimento económico e serão o expoente da
nossa empreitada junto dos parceiros bilaterais e multilaterais de
desenvolvimento, sejam eles públicos, privados ou outros atores da sociedade
internacional, para desbravar os acessos ao investimento e às ajudas",
sublinhou.
Américo Ramos disse que o Governo quer promover a justiça e
a inclusão sociais através do reforço do sistema de saúde, da modernização e da
universalização do ensino, da extensão da cobertura da segurança social e da
ação social, com os diversos programas virados para a população mais vulnerável
e o incremento das intervenções das instituições privadas de solidariedade
social.
Defendeu a "necessidade de reforma e modernização
administrativas", respeitando os direitos dos utentes e da população em
geral, a simplificação administrativa, sem descurar a segurança dos atos, o
fomento da governação eletrónica e do escrutínio público, a implementação de
mecanismos de controlo interno de toda a administração do Estado, a valorização
e a qualificação dos recursos humanos e "o combate, sem tréguas, a todas
as formas e dimensões da corrupção".
O programa do Governo foi viabilizado por todos os partidos
com assento no parlamento.
A líder parlamentar da coligação Movimento de Cidadãos
Independentes/Partido Socialista e Partido de Unidade Nacional (MCI-PS/PUN),
Beatriz Azevedo, salientou que a força vai estar "atenta" ao
cumprimento de "tudo [o que contribuir] para o desenvolvimento" do
país e "para tirar o povo são-tomense da situação em que se
encontra".
O líder parlamentar do Movimento de Libertação de São
Tomé e Príncipe (MLSTP), maior partido na oposição, disse que o
partido nunca equacionou "uma moção de rejeição" ao programa do
Governo.
"Nós desde a primeira hora chegámos à conclusão que era
o momento de nós nos abraçarmos, era o momento (...) de nós defendermos São
Tomé e Príncipe em primeiro lugar", disse Raúl Cardoso, promentendo
continuar a fiscalizar e acompanhar as ações do Governo.
O líder parlamentar da Ação Democrática Independente, José
António Miguel, considerou o debate do programa do Governo "um importante
exercício" para o bem de São Tomé e Príncipe, salientando que a ADI
viabiliza o programa por acreditar que, se "implementado com
sucesso", será positivo para todos os são-tomenses.
O Governo de Américo Ramos, escolhido pelo Presidente
da República, Carlos Vila Nova, foi empossado em 14 de janeiro, após a demissão
do anterior executivo liderado por Patrice Trovoada, no dia 06 de mesmo mês.
Desde então, Patrice Trovoada, que é também presidente da
ADI, que detém maioria absoluta no parlamento, tem criticado o atual Governo,
de iniciativa presidencial, considerando-o inconstitucional, e avisado que
não conta com o apoio do partido.
Américo Ramos, que foi secretário-geral da ADI,
incluiu no Governo vários membros e dirigentes deste partido, entre os
quais ministros do anterior executivo, e antes mesmo da apresentação do
programa, tinha-se mostrado otimista quanto à sua aprovação no parlamento.
Lusa
