A chefe da delegação da União Europeia (UE) em São Tomé,
Cecile Abadie, reconheceu hoje que persistem algumas pequenas divergências para
se alcançar um acordo de pesca entre o país africano e os 27.
Cecile Abadie, que falava aos jornalista à saída de um
encontro com o primeiro-ministro são-tomense, Américo Ramos, destacou que
"o objetivo de ambas as partes é chegar a uma conclusão muito
rápida", mas não se quis comprometer com prazos.
"Não me posso comprometer com uma data. Há alguns
pequenos pontos que ainda têm de ser discutidos. Mas, mais uma vez, a vontade
política de ambas as partes está presente", afirmou.
Neste seu primeiro encontro de trabalho com Américo Ramos,
no cargo desde 12 de janeiro, Cecile Abadie manifestou-se otimista quanto à
rápida conclusão deste dossiê.
"Penso que as autoridades [são-tomenses] têm interesse
em relançar as negociações e em concluí-las o mais rapidamente possível. Já
existe um bom entendimento sobre as questões que continuam por resolver",
adiantou, referindo que o acordo de pesca "continua a ser um bom exemplo
de cooperação que beneficia ambas as partes".
A representante da UE detalhou que entre as contrapartidas
que Bruxelas oferece a São Tomé e Príncipe estão apoios setoriais, nomeadamente
"o apoio à modernização do setor das pescas".
"Estes são apenas alguns pontos que ainda temos de
discutir em termos de preço e de quantidade, mas penso que estamos mais uma vez
no bom caminho.
Entre os "pequenos pontos que ainda têm de ser
discutidos", Cecile Abadie abordou a duração do acordo, defendendo um
prazo mais longo do que propõem as autoridades são-tomenses, que preferem um
compromisso mais curto, mas sem identificar qual a diferença temporal que está
em jogo.
"Para nós, um acordo leva tempo a ser votado pelos
canais em Bruxelas, pelos Estados-Membros, por todos os atores envolvidos. E
depois, o setor privado europeu tem de ser capaz de se projetar no futuro. É um
setor que mobiliza recursos importantes, pelo que um operador preferirá sempre
ter um horizonte temporal mais longo do que um acordo a curto prazo. E é
precisamente porque a negociação leva tempo que consideramos importante ter um
acordo que abranja vários anos", justificou.
Por outro lado, sublinhou, "mesmo quando um acordo
abrange vários anos, as duas partes podem renegociar as condições ou
interrompê-lo em qualquer altura".
"Por isso, é verdade que somos a favor de um prazo tão
longo quanto possível", reiterou.
Na primeira reunião do Conselho de Ministros, realizada no
passado dia 20 de janeiro, o novo executivo são-tomense, liderado por Américo
Ramos, orientou a ministra dos Negócios Estrangeiros, Ilza Amado Vaz,
"para comunicar formalmente à União Europeia a decisão de retoma das
negociações, com o objetivo de concluir e assinar o acordo no menor prazo
possível".
As negociações para a renovação do acordo assinado em 2019
começaram no ano passado com o anterior executivo são-tomense, em duas rondas
negociais que decorreram em Bruxelas e em São Tomé, mas não foram conclusivas.
Na base do acordo, a União Europeia paga anualmente a São
Tomé e Príncipe 1,4 milhões de euros pelas operações de pesca realizadas por 34
embarcações europeias no mar do arquipélago.
Durante a segunda ronda negocial, realizada em outubro do
ano passado, em São Tomé, o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e
Pesca de São Tomé e Príncipe anunciou que "alguns pontos" já tinham
sido atendidos, mas frisou que ainda existem "questões cruciais em que as
posições estão distantes".
Na altura, o ministério são-tomense referiu que o Governo do arquipélago pediu um aumento de 30% no valor pago pela União Europeia por tonelada de atum, e um aumento de 11% do valor destinado ao desenvolvimento da política de pesca, enquanto a UE sugeria uma diminuição de 7% em relação ao atual acordo.
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