O primeiro-ministro são-tomense disse hoje que o seu partido vai avançar
com a revisão da Constituição do arquipélago, para clarificar "zonas de
confusão", e admitiu propor a mudança para o regime presidencialista antes
das eleições gerais de 2026.
Patrice Trovoada falava numa mensagem de vídeo divulgada no Facebook,
enquanto presidente da Ação Democrática Independente (ADI), por ocasião dos
dois anos das eleições legislativas realizadas em 25 de setembro de 2022 e
ganhas pelo seu partido.
O líder da ADI e primeiro-ministro são-tomense assegurou que vai abordar
a questão da revisão constitucional com a comissão política da ADI "nos
próximos dias", como forma de melhorar as instituições do arquipélago.
"Nós iremos fazer e iniciar uma reforma da Constituição. A
Constituição da República tem que ser reformada. Existem muitas zonas de
confusão, muitas zonas de má interpretação, muitas zonas em que as pessoas
comportam-se, por ignorância ou por vontade própria, de uma maneira que pode
pôr em causa o funcionamento regular das instituições, então é melhor
clarificarmos a Constituição", disse Patrice Trovoada.
Patrice Trovoada quer a revisão da Constituição antes das eleições
autárquicas, legislativas e presidências que deverão realizar-se em simultâneo
em 2026, admitindo que "o ADI pode ir mais longe".
"Se for essa a vontade também da maioria dos partidos políticos com
assento parlamentar, o ADI está aberto até a questionar se devemos continuar
com o sistema semipresidencial de pendor parlamentar ou se devemos evoluir ou
mudar para um sistema presidencialista", disse, assegurando que "isso
tudo será feito não por preocupações pessoais ou da agenda pessoal".
Segundo o primeiro-ministro são-tomense, o processo de revisão da
Constituição faz parte da agenda de aceleração de transformação económica,
captação de investimento estrangeiro e melhorias das lideranças de vários
setores da administração central do Estado, que "serão feitas com um único
objetivo de melhorar a vida dos são-tomenses", o funcionamento institucional
do país, para que o país possa "avançar e evoluir na paz, na segurança, na
concórdia" para o bem de todos.
O ADI tem atualmente 30 deputados no parlamento e um acordo de
incidência parlamentar com o Movimento de Cidadãos Independentes/Partido de
Unidade Nacional (MCI-PS/PUN), com cinco deputados.
O parlamento são-tomense tem 55 deputados, sendo a oposição constituída
por 18 deputados do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP) e
dois do Movimento Basta.
Segundo o artigo 152, nº.1, da Constituição são-tomense em vigor,
"as alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços
dos deputados em efetividade de funções" e o nº.3 do mesmo artigo refere
que "o Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de
revisão".
A atual Constituição são-tomense está em vigor desde 2003, não tendo,
até ao momento, sofrido qualquer revisão.
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