por Pale Press
A deputada Ione Belarra Urteaga exige que o
governo espanhol tome medidas contra o que ela descreve como um "genocídio
estrutural" e um "apartheid administrativo" imposto pelo regime
da Guiné Equatorial ao povo anobonês.
Em 23 de abril de 2025, um clamor por justiça ressoou
no Congresso dos Deputados da Espanha . Por meio de uma Proposta
Não-Lei (PNL), a deputada Ione Belarra, porta-voz do Grupo Parlamentar Misto,
trouxe à Comissão de Relações Exteriores uma denúncia contundente: o povo de
Annobón — sitiado, isolado, reprimido, silenciado — está sendo submetido pelo
regime neocolonial e invasor de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo a uma
brutal campanha de extermínio cultural e social, com a cumplicidade passiva da
comunidade internacional.
A proposta não é ambígua. Ele fala de “genocídio estrutural”
e de um “apartheid administrativo” que pesa sobre uma população submetida ao
abandono, à fome, ao isolamento absoluto e à repressão militar. Annobón é hoje
uma ilha sem serviços básicos, sem acesso regular à saúde, educação ou
eletricidade, convertida em uma prisão flutuante para seus próprios habitantes,
onde até mesmo a língua crioula fa dAmbô foi proibida por decreto.
A responsabilidade do regime guineense no genocídio de
Annobonne, liderado por Obiang e seu filho Teodorín — uma dinastia
cleptocrática e violenta — é inquestionável. Mas Belarra não hesita em destacar
o papel da Espanha, uma antiga potência colonial, que fez vista grossa desde o
Tratado de El Pardo, em 1778, até hoje. Annobon foi entregue como moeda de
troca em acordos internacionais, sem que seu povo jamais fosse consultado.
Hoje, continua sendo vítima de uma colonização disfarçada de “unidade
nacional”.
O PNL exige que a Espanha não seja mais cúmplice. Propõe:
– Medidas políticas, diplomáticas e cooperativas para pôr
fim à repressão.
– Promover uma investigação internacional e uma missão de
verificação de direitos humanos na ONU.
– Incluir Annobon na lista de territórios pendentes de
descolonização, de acordo com o Comitê C-24 da ONU.
– Reparar os danos culturais e ambientais causados por décadas
de despejo tóxico e negligência.
Esta medida do Podemos representa um marco histórico na luta
pelos direitos do povo anobonês. Esta é a primeira vez que um partido político
com representação parlamentar na Espanha coloca a própria existência de
Annobón, sua história de resistência e o abuso sistemático que sofre sob o jugo
militar de um regime criminoso no centro de sua agenda.
Já é hora de o mundo saber que no meio do Atlântico existe
uma ilha subjugada, silenciada, cuja cultura foi perseguida, cujos jovens foram
sequestrados por assinarem uma carta pacífica contra a destruição de seu
território pela dinamite. Trinta e oito pessoas, incluindo idosos, continuam
desaparecidas. O regime de Malabo continua a agir com absoluta impunidade.
